Luciano de Samósata é um dos precursores da prosa moderna, a quem cabe a glória da invenção do gênero de ficção científica e de ter sido o primeiro contista da história da literatura. Além disso, o que não é pouco, também é o pai do espírito crítico, da sátira mordaz, do ceticismo, da irreverência, inaugurando uma linhagem de autores da estirpe de Erasmo, Thomas Morus, Rabelais, Swift, Voltaire, Anatole France e outros. Inimigo de todas as formas de superstição e mentira, mostrou-se implacável não só em relação às crendices da religião pagã, como também contra os filósofos de sua época, a quem acusava de "inventar incontáveis labirintos de palavras e ensinar a arte de raciocinar sem resultados".
Neste escrito ele conta a história do célebre farsante Alexandre da Abonótica, que por sua vez também pode ser considerado o pai dos falsos profetas, tão abundantes em nossos dias sob as mais diversas denominações. Com objetividade quase jornalística, ele investigou os procedimentos, os truques e estratagemas deste verdadeiro precursor da fraude religiosa, e seu texto, de uma atualidade inquietante, serve de alerta para que os incautos dos tempos atuais não caiam nas garras de alguma versão moderna do impostor de Abonótica.
"Alexandre, ou o Falso Profeta", Luciano de Samósata, 2013, 59 páginas, formato 13,5 X 20,5 cm., ilustrada. Versão e prefácio de Bira Câmara. A edição traz também
Oráculos e adivinhos na Grécia e
Astrologia e magia no império romano, dois capítulos do livro "Histórias da Astrologia", de Bira Câmara.